Quando o barato sai caro.
A segurança em instalações prediais residenciais é uma responsabilidade de todos, de usuários a profissionais, cada qual em parcelas iguais.
Falar sobre este tema, abordando com uma linguagem fácil, não deveria ser raro como vemos por aí, deveria ser uma constante no cotidiano de usuários e profissionais mas não é assim que temos visto. Apesar de vasto material técnico espalhado pela internet poucos são os usuários que realmente entendem a linguagem ali exposta.
Sempre trago minhas contribuições de modo a enriquecer o debate que deve ser amplamente discutido, muitos pontos devem ser levantados e cada vez mais devemos envolver nestes diálogos os usuários da eletricidade, e temos que ter claro conosco que todos nós somos usuários da eletricidade.
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Nós usuários interagimos com eletricidade de tal maneira que mal a percebemos e talvez este seja um dos maiores motivos para subestimar o perigo real que ela representa se de maneira errada a manusearmos. Precisamos entender que somos a linha de frente para detectar os primeiros sintomas de problemas em uma instalação elétrica e repassá-los de maneira clara aos profissionais, quando estes forem acionados para a solução.
Alguns sintomas são facilmente detectáveis por qualquer pessoa e são eles:
- Escurecimento dos buracos das tomadas;
- Aquecimento no plugue dos aparelhos eletrodomésticos;
- Luzes piscando indevidamente;
- Diminuição da luz quando equipamentos são ligados;
- Disjuntores desarmando;
- Cheiro de plástico queimado próximo a tomadas, quadros de disjuntores ou equipamentos eletrodomésticos;
Estes são os sintomas mais facilmente percebidos de que alguns problemas estão acontecendo e quase todos são ignorados pela grande maioria da população, em qualquer caso acima deve-se ser acionar um profissional para uma manutenção.
Cabe neste ponto uma reflexão para ambos os lados.
O profissional da elétrica residencial tem a responsabilidade de executar todos os procedimentos, seja o planejamento, a execução da instalação ou a manutenção dentro de todos os critérios estabelecidos pelas normas vigentes de modo a garantir a segurança do usuário e dos bens desta residência.
Uma máxima que tenho escutado muito por aí é a de que uma instalação elétrica dentro das normas fica caro. Eu por minha vez não canso de repetir para estes que esta instalação não ficará cara, ficará no preço justo, o preço que garantirá a segurança e qualidade da instalação, bem como uma redução nos custos da manutenção. Trabalhar de acordo com as normas não deve ser para o profissional um diferencial e sim o praxe.
De um lado usuários pressionam por menores preços, de outro o profissional de modo a “ajudar” o cliente corta etapas e processos para baratear a instalação.
Exemplos diversos de economia perigosa seriam:
- Redução de bitola de cabos – ocasionando aquecimento indevido em circuitos (vale lembrar que aquecimento indevido é energia elétrica desperdiçada ou seja dinheiro na lata do lixo, neste caso perde-se dinheiro duas vezes, uma pelas altas tarifas de energia elétrica desperdiçada e outra devido os problemas que ocasionaram manutenção neste circuito.
- Falta de cabos de aterramento – é muito comum o cliente menosprezar o circuito de aterramento sugerindo que seria um cabo a mais e este não é utilizado. O escoamento de correntes de fuga para os sistema de aterramento é fator importantíssimo para minimizar consequências de choques elétricos e outros problemas na instalação.
- Não instalação de interruptor diferencial residual (IDR) – o IDR tem a função primordial de desligar os circuitos em caso de fuga de corrente elétrica, este dispositivo foi constituído para proteção dos usuários em caso de choque elétrico, detectando as pequenas fugas de corrente (em um choque elétrico uma corrente foge para o corpo da pessoa) e desligando o circuito imediatamente. Confundido pelos usuário como mais um disjuntor para encarecer a lista de material.
Fica a reflexão que este barato, economizado nas instalações feitas fora da norma, sai caro quando o acidente acontece. A perda ocasionada em equipamentos pode ser revertida ou substituída, mas quando a vida é ceifada em um acidente com eletricidade, esta nunca poderá ser substituída.
O debate sobre este tema deve ser recorrente e de forma simples para atrair tanto usuários como profissionais a uma mudança de práticas, amadurecer este tema é um grande desafio que não pode nos derrotar.
Sobre o autor
Eletricista desde 2006, Henrique Mattede também é autor, professor, técnico em eletrotécnica e engenheiro eletricista em formação. É educador renomado na área de eletricidade e um dos precursores do ensino de eletricidade na internet brasileira. Já produziu mais de 1000 videoaulas no canal Mundo da Elétrica no Youtube, cursos profissionalizantes e centenas de artigos técnicos. O conteúdo produzido por Henrique é referência em escolas, faculdades e universidades e já recebeu mais de 120 milhões de acessos na internet.
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14 comentários para: “Quando o barato sai caro.”
Rodrigo
Oi bom dia, gostaria de saber se e conveniente fazer a rede do padrão do relógio para casa com cabos de alumínio usado.nas concessionária, se todos os custos saiam mais baratos do que os de cobres?
Henrique Mattede
Desde que o cabo esteja corretamente dimensionado para a potência instalada de sua residência irá funcionar, a grande dificuldade que os cabos de alumínios são semi rígidos e isso dificulta a instalação.
Valter
Parabéns otima matéria.exatamente assim os clientes querem economizar cabe a nois alertarmos. Abracos!
Henrique Mattede
Eu acredito que não é só questão de alertar é questão de não realizar.
Nivaldo Pinheiro
Boa noite Henrique, ainda ontem entreguei um projeto que seria do zero, desde o padrão de entrada até a finalização e que levei três dias para concluir, com todos os cáculos pertinentes e dentro da norma, tanto de iluminação quanto de cabeamento, também o esquema de som, proteção, emergência…etc.
Todo o conteúdo em um prontuário virtual foi apresentado ao meu cliente, mas após apresentar o valor do projeto ele fez uma cara de quem não gostou muito e que iria analisar a proposta…acredito que é por essa razão que existam tantos maus profissionais no mercado, cobrando barato e fazendo besteiras por um serviço tão sério.
Henrique Mattede
Sem dúvidas.
É muito complicado mas deveria ter cobrado pelo levantamento de projeto, pelo menos para pagar as horas que gastou no levantamento. Veja bem que isso não é cobrar por orçamento e sim por projeto e levantamento arquitetônico.
Saulo
Olá, gostaria de explicações a respeito de Bancos trifásico de transformadores monofásicos ligados em paralelo. Qual o motivo, vantagens e desvantagens desse tipo de configuração? O que tens a dizer a repeito de reguladores de tensão em sistemas de distribuição?
Como definir e usar o Índice Hora de um Transformador.
Aguardo Retorno.
Equipe Mundo da Elétrica
Bom dia Saulo.
Estes serão novos temas a serem abordados em futuros vídeo, se inscreva em nosso canal e irá receber semanalmente.
Valdemir Botelho
Olá amigo boa noite! Estou muito contente com as informações que recebo, cada vez aprendo mais, parabéns pelo seu esforço em ensinar sobre elétrica.Desejo uma boa noite!
Equipe Mundo da Elétrica
Obrigado Valdemir por nos prestigiar!
Marçal Bracht
Muito bom comentario
Equipe Mundo da Elétrica
Obrigado Marçal